Conforme informações públicas, a Nestlé adquiriu o controle da Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau (Grupo CRM), em uma transação estimada em R$ 4,5 bilhões. Não é possível ainda afirmar se o valor foi alto ou baixo, já que os dados financeiros da Kopenhagem, como receita anual e geração de lucro operacional, não são públicos. Por outro lado, com certeza a Nestlé pagou um prêmio relevante para “tirar” do controle dos atuais acionistas um dos principais players do segmento premium de chocolates, com mais de 1.000 lojas e crescimento exponencial das receitas (em pouco mais de 20 anos, evoluiu de R$ 50-100 milhões para mais de R$ 2 bilhões) e gerador de caixa. Por outro lado, mesmo pagando “caro”, quais seriam as opções da Nestle? O que ocorreria se não fizesse este movimento? Qual o risco financeiro que incorre com esta transação neste patamar de valor?
A Nestle é listada na bolsa da Suiça e seu valor de mercado na última sexta-feira (8/9) alcançou US$ 314 bilhões. Sua geração de caixa operacional situa-se em US$ 16 bilhões /ano, ou R$ 80 bilhões e possui em caixa aproximadamente US$ 5 bilhões. Ainda que tenha pago um prêmio relevante na aquisição (R$ 4,5 bilhões ou quase US$ 1 bi), tal magnitude é coberta com menos de 1 mês de geração de caixa operacional da empresa global (cerca de R$ 6,6 bi/mês). Mesmo na hipótese extrema e irreal de destruição de todo o valor do ativo, tal perda não afetaria em nada a saúde financeira da Nestlé. Ou seja, com downside e riscos mínimos e um upside enorme de criação de valor, a Nestle fez um excelente movimento estratégico. O que a Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau (Grupo CRM) poderá se tornar quando “plugada” na plataforma Nestle? De que forma a Nestlé aproveitará este ativo para acelerar sua geração global de valor ? Aguardemos os próximos movimentos.